Configuração curricular
A estrutura curricular do curso prevê titulação única, Bacharel(a) em Engenharia de Sistemas. Este perfil profissional possui atuação múltipla, interdisciplinar, capaz de se integrar a diversas áreas do conhecimento, como ilustrado na figura.

Em uma visão macro, a estrutura curricular do curso de graduação em Engenharia de Sistemas da UFMG é constituída por percursos curriculares, ambos em nível de Bacharelado, compostos pelos núcleos específico, avançado, geral e complementar.
Enquanto o núcleo específico é constituído pelos saberes característicos do curso, necessários para o desenvolvimento das competências esperadas na área de atuação do egresso, o núcleo geral é composto por atividades acadêmicas curriculares mais relacionadas às humanidades, que abordam temas de amplo interesse, orientadas para a formação intelectual, crítica e cidadã, em um sentido amplo. Já o núcleo complementar é constituído por conjuntos articulados de atividades acadêmicas curriculares que propiciem ao estudante a aquisição de competências em campos do conhecimento diferentes daqueles que são característicos do curso. Por fim, o núcleo avançado é constituído por um conjunto de atividades acadêmicas curriculares integrantes de currículos de cursos de pós-graduação às quais os estudantes do curso de graduação têm acesso.
O percurso curricular padrão está estruturado de forma a conter, dentro do núcleo específico, algumas possíveis ênfases para áreas de formação mais próximas, bem como para outras áreas que possibilitam organizar conteúdos em uma visão sistêmica. Já o percurso curricular alternativo possibilita incluir formação complementar, com conjuntos articulados de atividades acadêmicas, nas seguintes modalidades:
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Formação Transversal, cujas propostas de organização curricular são estabelecidas e aprovadas pela UFMG;
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Formação Complementar Aberta, consistindo em uma nova proposta de organização curricular construída pelo estudante sob a orientação de um docente e condicionada à autorização do Colegiado.
Configuração Curricular: Núcleo Específico
Como parte do conteúdo obrigatório do curso de Engenharia de Sistemas, o núcleo específico está estruturado em um conjunto de ciclos, que englobam atividades acadêmicas de diversas naturezas. Alguns ciclos possuem conteúdo fixo, fornecendo fundamentos científicos e tecnológicos que estabelecem as bases de formação geral em Engenharia, ou aprofundando e direcionando a formação profissionalizante para a área de Engenharia de Sistemas. Também obrigatórios, outros ciclos são formados por blocos de atividades de livre escolha do estudante entre conteúdos estabelecidos, cabendo ao estudante integralizar a carga horária definida para o bloco e o ciclo. Complementando estes ciclos existem atividades de formação profissional optativas, organizadas em ênfases, que podem ser escolhidas em função de suas preferências de aprofundamento e interação, caracterizando a amplitude da formação em Engenharia de Sistemas. Todas estas características do curso estão detalhadas a seguir.
Ciclo Básico em Ciências
Relacionado principalmente à formação apresentada em “Ciências” das Competências Essenciais (Core), o Ciclo Básico em Ciências tem como objetivo introduzir o estudante em conceitos provenientes das ciências básicas da Matemática, da Física, da Química, da Estatística e da Computação, visando possibilitar ao estudante aplicar o raciocínio lógico e os conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à engenharia.
As ciências básicas fornecem o ferramental de apoio para a atuação de engenheiros, que se apoiam no conhecimento científico para projetar, construir e controlar equipamentos e software, e assim aplicar o conhecimento científico para conceber soluções criativas para problemas práticos. No cenário atual, também é fundamental desenvolver habilidades relacionadas à programação, tornando-se um engenheiro programador.
Apesar de os problemas a serem resolvidos serem o alvo principal da engenharia, a base para a sua resolução está nas ciências básicas. Assim, é importante que o ciclo básico possibilite aos estudantes entenderem com mais clareza a aplicação do conteúdo que está sendo estudado.
Ciclo Básico em Engenharia
Relacionado parcialmente à formação apresentada em “Engenharia Básica” das Competências Essenciais (Core), o Ciclo Básico em Engenharia tem como objetivo introduzir o estudante em conceitos provenientes da engenharia que são comuns em diversos cursos de engenharia e prepará-lo para o ciclo profissional. Busca unificar as informações básicas necessárias a um Engenheiro – aquele que aplica conhecimentos científicos para materializar ideias, inventar novos produtos, aperfeiçoar processos ou solucionar problemas. As atividades optativas disponibilizadas neste ciclo estão relacionadas a noções introdutórias de diversas áreas da Engenharia.
Ciclo Profissional em Engenharia
Complementando a formação apresentada em “Engenharia Básica” e abrangendo a formação em “Modelagem e Análise de Sistemas” das Competências Essenciais (Core), o Ciclo Profissional em Engenharia tem como objetivo possibilitar ao estudante identificar, formular e resolver problemas de engenharia, incluindo projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados. Engloba o entendimento, a modelagem e a solução de problemas reais da sociedade, nas mais diversas áreas de sua atuação como engenheiro. A partir dos conceitos aprendidos nos Ciclos Básicos em Ciência e Engenharia, o estudante poderá absorver com maior profundidade o conteúdo das atividades acadêmicas do ciclo profissionalizante, preparando-se para o exercício prático da engenharia.
Neste ciclo, destaca-se a importância do conhecimento mais aprofundado de recursos associados à eletrônica e às tecnologias de informação e comunicação, em especial na geração de código e tratamento de grande volume de dados. Mais que redator de textos, é necessário ao engenheiro tornar-se um redator matemático, capaz de desenvolver projetos virtuais que integram e manipulam objetos de naturezas diversas e seus dados associados.
Ciclo Profissional em Engenharia de Sistemas
Relacionado em sua essência à formação em “Pensamento Sistêmico” e, de uma maneira mais abrangente, às formações em “Ciclos de Vida” e “Entendimento e Organização de Capacidades”, das Competências Essenciais (Core), bem como às Competências Técnicas e de Gestão, o Ciclo Profissional em Engenharia de Sistemas engloba conteúdos específicos que caracterizam a modalidade de Engenharia de Sistemas. Tem como objetivo principal permitir ao estudante conceber, projetar e analisar sistemas artificiais complexos, que incluem produtos, processos e serviços. Engloba também desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas, supervisionar a operação e a manutenção de sistemas, avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas, bem como atuar em equipes multidisciplinares.
É composto por atividades acadêmicas obrigatórias do tipo disciplina, descritas a seguir.
Além de inserir o estudante no contexto da UFMG, da Escola de Engenharia e do Curso de Engenharia de Sistemas, a disciplina Introdução à Engenharia de Sistemas apresenta uma visão geral da Engenharia e contextualiza a Engenharia de Sistemas no cenário atual, apresentando seus principais conceitos e aplicações, bem como despertando o senso prático da Engenharia como a aplicação de conhecimentos e métodos com o objetivo de criar, desenhar, construir, manter e melhorar estruturas, máquinas, aparelhos, sistemas, materiais e processos em benefício do ser humano. Seu objetivo é relacionar, desde o primeiro período, o conhecimento técnico-científico que está sendo adquirido com aplicações reais de engenharia. A disciplina Pensamento Sistêmico visa introduzir conhecimentos básicos sobre a teoria de sistemas, a teoria da complexidade e o pensamento sistêmico, bem como desenvolver a capacidade de modelagem e comunicação por meio de modelos de pensamento sistêmico, bem como utilizar de atividades práticas e teóricas para aumentar a capacidade dos estudantes para resolução de problemas complexos em sua completude, com ênfase em situações reais.
Grande parte da formação em Engenharia de Sistemas ocorre nas disciplinas Laboratórios de Sistemas, nos quais os estudantes são divididos em equipes, para desenvolver atividades de síntese de conhecimentos, sob a supervisão dos docentes e/ou de monitores de pós-graduação. Os Laboratórios se distinguem das disciplinas convencionais por sua característica de serem orientados ao desenvolvimento de projetos, integrando os conteúdos apresentados em atividades acadêmicas anteriores e trabalhando especificamente as habilidades ligadas à especificação, projeto e análise de sistemas. Estes Laboratórios utilizam a abordagem PBL (Problem & Project Based Learning) e tratam problemas apresentados pela sociedade, integralizando carga horária referente a atividades de extensão, a partir de interação dialógica com a comunidade externa ou a partir de bancos de problemas identificados junto à sociedade.
Já a disciplina Processos e Métodos em Engenharia de Sistemas apresenta os modelos de ciclo de vida usualmente aplicados a sistemas de naturezas diversas, desde a concepção da ideia até o descarte do produto, bem como uma abordagem orientada a processos para explicar as principais atividades e os principais produtos de trabalho (artefatos) associados. Busca ainda aplicar os conhecimentos aprendidos a situações reais, visando identificar oportunidades de melhoria para as organizações, tanto para o desenvolvimento/ evolução quanto para a operação de produtos (bem e serviços) novos ou remodelados. Por fim, a disciplina Laboratório de Gerenciamento de Sistemas apresenta e aplica, em situações reais, abordagens, ferramentas e técnicas para o planejamento, monitoramento e controle de atividades em projetos e operações, de forma tanto preditiva (mais tradicionais, no estilo comando-e-controle) quanto adaptativa (mais simples, flexíveis, dinâmicas e iterativas).
Ciclo Integrador
Relacionado em sua essência à formação em “Pensamento Crítico” das Competências Essenciais (Core), e de uma maneira mais abrangente, às Competências Profissionais, complementadas pelas formações em “Empreendedorismo e Inovação” e “Gestão Organizacional e Integrada” das Competências em Gestão, o Ciclo Integrador tem como objetivo promover a interdisciplinaridade, ao estabelecer a síntese e integração dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, de forma articulada entre os conteúdos. Possibilita ao estudante avaliar o impacto das atividades da engenharia nos contextos social, cultural, legal, ambiental e econômico, bem como desenvolver-se tanto como pessoa quanto como profissional e cidadão, explorando campos que vão além da própria Engenharia, bem como aproximar-se, de forma contextualizada, dos problemas vivenciados no dia a dia do trabalho considerando a área de formação pretendida.
Este ciclo está subdividido nos seguintes componentes:
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Formação em Gestão, Empreendedorismo e Inovação de Base Tecnológica: busca promover oportunidades que possibilitem aos estudantes serem mais criativos, proativos, orientados para oportunidades e inovadores. Também procura prover ao estudante conhecimentos que lhe permitam avaliar a viabilidade econômica, elaborar, planejar, supervisionar e coordenar projetos e serviços de engenharia, enfocando principalmente o desenvolvimento tecnológico (diferencial proporcionado pelo curso).
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Trabalho de Conclusão de Curso: atividade de síntese e integração de conhecimentos, que visa proporcionar uma experiência representativa da atividade profissional de concepção e projeto de um sistema tecnológico direcionado ao tratamento de problemas reais, seguindo uma abordagem disciplinada (alinhada às metodologias científica e/ou tecnológica) e tendo como contribuições típicas protótipos de produtos, processos ou ferramental de apoio, colocando em prática o que foi visto no curso e demonstrando a capacidade de articulação das competências inerentes à formação do Engenheiro de Sistemas.
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Estágios em Engenharia de Sistemas: atividade que busca complementar o ensino técnico-científico com atividades de cunho prático que requerem relacionamento profissional, realizadas em estruturas empresariais, privadas ou públicas, às quais o estudante provavelmente se integrará após sua formatura. Requer supervisão de algum profissional da instituição contratante e orientação direta de um Professor do quadro da UFMG.
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Atividades Acadêmicas Curriculares Complementares: constituem um conjunto de práticas integradoras de natureza científica, tecnológica, artística ou humanística para enriquecimento curricular. No âmbito de ensino, pesquisa ou extensão, visam proporcionar progressiva autonomia intelectual e profissional ao estudante, permitindo não só desenvolver competências importantes para a sua formação, mas também absorver e desenvolver novas tecnologias. Diversas atividades estão disponíveis, não só com acompanhamento docente (entre elas, iniciação, monitoria e tutoria), mas também junto a iniciativas dos próprios estudantes (entre elas, empresas juniores, equipes de competição e agremiações)
Atividades Optativas do Núcleo Específico: Organização em Ênfases
O campo de atuação de um Engenheiro de Sistema é muito vasto e, por isso, o conjunto de conhecimentos possíveis de serem adquiridos é muito amplo. Ao se deparar com uma grande variedade de atividades optativas, o estudante poderia ficar confuso em relação ao que selecionar para cursar, ou pior, acabar selecionando inadvertidamente uma formação desconexa. Visando evitar tais situações, alguns grupos de atividades optativas foram organizadas em ênfases, caracterizadas por possuírem um direcionamento para alguma área de atuação mais específica, mas que não se diferenciam significativamente a ponto de justificar percursos curriculares distintos de formação. Tais ênfases propiciam maior orientação aos estudantes, funcionando mais como uma trilha ou roteiro de estudos para áreas de interesse específicas. Além disso, como o curso de Engenharia de Sistemas é noturno e boa parte das disciplinas optativas são comuns a outros cursos diurnos, não justificaria criar percursos curriculares que obrigassem o estudante a mudar de turno durante a sua formação. Desta forma, a organização em ênfases norteia o estudante na escolha do conjunto de disciplinas optativas a cursar, mas não restringe tal escolha.
Configuração Curricular: Núcleo Geral – Atividades Formativas em Humanidades
O Núcleo Geral é composto por atividades acadêmicas curriculares que abordam temas mais gerais, de amplo interesse, orientadas para a formação intelectual, crítica e cidadã. No caso específico do curso de Engenharia de Sistemas, as atividades que visam à formação crítica e cidadã estão elencadas no subciclo referente a Atividades Formativas em Humanidades, do Ciclo Integrador.
Em paralelo à formação técnico-científica do estudante, o curso de Engenharia de Sistemas desenvolve uma outra formação de caráter intelectual geral, visando capacitá-lo a compreender aspectos estruturais da sociedade e a habilitá-lo para refletir sobre esses aspectos, de forma a produzir condutas e intervenções que possuam solidez conceitual e que possibilitem atuar em busca de uma sociedade mais organizada, equilibrada e justa, dotada de melhores indicadores sociais. Muitas dessas atividades podem ser escolhidas pelo estudante dentre as que constam na matriz curricular, bem como as que ofertam vagas para todos os cursos (como Formação Livre), ou ainda, por solicitação particular do estudante em função de um interesse específico. De toda forma, tais atividades precisam se encaixar nos conteúdos predefinidos em um dos seguintes blocos:
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Bloco 1 – Fundamentos das Humanidades: visa possibilitar ao estudante refletir sobre as necessidades humanas fundamentais, conectando-o com seus próprios desejos e necessidades, bem como com os desejos e necessidades do outro, a fim de construir sistemas que sejam socialmente aceitáveis e que tragam valor para a sociedade, visando tornar o mundo um lugar melhor. Sua realização deve possibilitar ao estudante desenvolver o senso crítico e a consciência cidadã de forma mais ampla, bem como compreender e aplicar a ética e a responsabilidade profissionais.
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Bloco 2 – Comunicação, Linguagens e Narrativas: visa capacitar os estudantes em habilidades pessoais de forma escrita, oral e/ou gráfica para: comunicar, com clareza, seus posicionamentos e propostas de valor; saber se relacionar com diversas partes envolvidas e construir uma rede de relacionamentos, visando converter conhecimento e tecnologia em propostas de valor e em oferta de produtos, processos e serviços inovadores, potencializando o impacto de suas entregas.
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Bloco 3 – Atuação Coletiva e Liderança: visa capacitar um profissional que, além da excelência técnica, tenha a capacidade de se relacionar bem com as pessoas, de integrar sinergicamente as partes de alcançar resultados tecnicamente viáveis. incentivar o estudante a atuar em equipes diversas e multidisciplinares. Entre as habilidades a serem desenvolvidas, destacam-se: saber ouvir; saber ganhar e perder; trabalhar aspectos relacionados a liderança, negociação, dinâmica de times, inteligência emocional, gestão de conflitos, tomada de decisão, capacidade de argumentação e persuasão.
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Bloco 4 – Contato com a Sociedade: visa complementar a formação do estudante enquanto pessoa e cidadão, promovendo uma reflexão ética quanto à dimensão social do ensino e incentivando sua contribuição junto à comunidade no enfrentamento de questões relevantes da sociedade atual, visando ao desenvolvimento econômico, social e cultural.
Configuração Curricular: Núcleo Complementar – Formação Transversal e Formação Complementar Aberta
O Núcleo Complementar compreende conjuntos articulados de atividades acadêmicas que propiciam ao estudante a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes que complementem a sua formação específica em campos do conhecimento diferentes daqueles que são característicos do curso, mas que possibilitam uma formação em áreas correlacionadas à Engenharia de Sistemas ou em temáticas específicas de interesse amplo. Na UFMG, ocorre por meio das seguintes estruturas disponíveis:
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por uma Formação Transversal, cujas propostas de organização curricular são estabelecidas e aprovadas pela UFMG;
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por uma Formação Complementar Aberta, que consiste em uma nova proposta de organização curricular que seja coerente com a ampliação da formação acadêmica específica desejada, composta por atividades ofertadas por outros cursos da UFMG (ou seja, não pertencentes à matriz curricular), elaborada pelo estudante sob a orientação de um docente. Uma vez aprovada, uma proposta de Formação Complementar Aberta poderá ser reutilizada por outros estudantes e possivelmente incorporada à matriz curricular, como uma nova ênfase para o curso.
Configuração Curricular: Núcleo Avançado – integração com a Pós-Graduação
O Núcleo Avançado é constituído pelas atividades acadêmicas curriculares integrantes de currículos de cursos de pós-graduação às quais os estudantes possuem acesso durante o curso de graduação. Ele possibilita uma interseção do ensino de graduação com o de pós-graduação, permitindo que, já durante a graduação, o estudante direcione sua formação profissional para estudos mais aprofundados, que podem conduzir à obtenção de graus de mestrado ou doutorado.
Devido à interdisciplinaridade inerente à Engenharia de Sistemas, os estudantes podem integralizar atividades acadêmicas do núcleo avançado em diversos Programas de Pós-Graduação da UFMG, entre eles os da Escola de Engenharia, os do ICEX e os da FACE. Atividades acadêmicas do núcleo avançado provenientes de outras Unidades da UFMG ou de outras Instituições de Ensino Superior durante a mobilidade acadêmica do estudante poderão ser também aceitas, desde que justificadas pelo professor orientador ou tutor do estudante.
Configuração Curricular: Formação em Extensão Universitária
Fazem parte da estrutura curricular do curso de Engenharia de Sistemas atividades acadêmicas que promovem a interação entre os estudantes, docentes e diversos setores da comunidade, visando aplicar o conhecimento adquirido ao longo do curso em problemas e questões contemporâneas complexas presentes no contexto técnico social, bem como compartilhar e produzir novos conhecimentos. Complementando a formação do estudante como cidadão crítico e responsável, tais atividades acadêmicas possuem não só cunho interdisciplinar, ao integrar aspectos educacional, político, cultural, científico e tecnológico na solução de problemas, mas também interprofissional, ao permitir a participação de indivíduos de diferentes ocupações, e intercultural, em função da diversidade cultural que se manifesta na sociedade atual.
Em uma visão mais humanística, visando complementar a formação do estudante enquanto pessoa e cidadão, no curso de Engenharia de Sistemas é incentivado o uso de ferramentas tecnológicas para apoiar a solução de problemas sociais, em busca de um impacto social positivo decorrente do emprego adequado da tecnologia vista no curso. Conhecida como Tecnologia Social (TS), tal abordagem tem como base o desenvolvimento e a disseminação de soluções para problemas voltados a múltiplas demandas da sociedade, relacionadas a diversas áreas – entre elas trabalho, educação, renda, conhecimento, cultura, saúde, alimentação, habitação, recursos hídricos, saneamento básico, meio ambiente, energia e igualdade social –, que sejam não só efetivas e reaplicáveis, mas que também promovam a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida das populações em situação de vulnerabilidade social. A Tecnologia Social estabelece quatro dimensões (ITSBRASIL, 2022): conhecimento, ciência e tecnologia (organizar e sistematizar ações, para introduzir inovação nas comunidades); participação, cidadania e democracia (empregar metodologia participativa nos processos de trabalho, impulsionando sua disseminação e reaplicação); educação (compartilhar saberes populares e científicos); relevância social (ser eficaz na solução de problemas sociais e na sustentabilidade ambiental, provocar a transformação social).
As Tecnologias Sociais são importantes instrumentos que vêm contribuindo para a construção de um mundo melhor, mais justo, resiliente e sustentável, de forma alinhada aos Objetivos do Milênio (ODM) da Organização das Nações Unidas (ONU). Tais objetivos foram desdobrados nos atuais 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, acordados entre todos os países e as principais instituições que lideram o desenvolvimento no mundo, visando direcionar esforços para atender às necessidades básicas do ser humano, a serem implementados por todos os países até 2030. Os ODS também norteiam os trabalhos a serem executados em parte das iniciativas de extensão do curso de Engenharia de Sistemas.
As modalidades de atividade de extensão incluem projetos, programas, prestação de serviços, cursos e eventos, nas quais o estudante assume papel proativo como membro da equipe executora, que pode englobar ações tanto institucionais quanto de natureza governamental e não governamental, atendendo a políticas públicas municipais, estaduais, nacionais e internacionais.
Cabe à UFMG, à Escola de Engenharia e ao curso continuar a promover iniciativas diversas que expressem o compromisso social com diversas áreas, entre elas, comunicação, cultura, tecnologia e produção, direitos humanos e justiça, meio ambiente, saúde, trabalho e educação (geral, ambiental, étnico-racial e indígena), por meio de palestras, cursos, workshops e festivais.
Muitos desses temas permeiam diversas atividades acadêmicas da matriz curricular e são tratados de maneira transversal no currículo. No entanto, algumas atividades se destacam no referente à formação em extensão, independentemente do ciclo ou subciclo ao qual estão associadas. Entre elas, destacam-se as:
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Atividades acadêmicas do Ciclo Profissional em Engenharia de Sistemas: utilizam, para a realização da maioria de seus trabalhos práticos, a abordagem PBL (Problem & Project Based Learning), tratando problemas e situações reais das organizações e/ou comunidades, seja daquelas em que os estudantes possuem algum vínculo ou a partir de um banco de problemas;
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Atividades acadêmicas curriculares complementares (AACCs) classificadas como de extensão: ocorrem por meio da interação dialógica com a comunidade sob a orientação ou tutoria de docentes, compartilhando conhecimentos e experiências em busca de soluções para problemas reais de engenharia, podendo ser realizadas em diversos formatos, entre eles, iniciação a extensão, visitas técnicas e vivência profissional complementar;
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Atividades acadêmicas formativas em humanidades (AFHs) classificadas como de extensão: também envolvem a comunidade externa por meio da interação dialógica e da prestação de serviços, estando relacionadas a atuação coletiva, organização de eventos, internatos acadêmicos e voluntariado, entre outros;
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Atividades acadêmicas do bloco de Formação em Gestão, Empreendedorismo e Inovação de Base Tecnológica, que incluem: atividades que possibilitam identificar e tratar “as dores” (medos, frustrações e obstáculos) da sociedade, visando construir oportunidades de negócio e inovações que atendam aos anseios dos perfis envolvidos; a participação em Empresas Júniores para realizar negócios experimentais, desenvolver atividades técnicas sem fins lucrativos e de cunho educacional, que possibilitam levar o melhor da tecnologia e inovação para a sociedade, ampliando o seu impacto social e econômico.